O namoro da Nintendo com a série Street Fighter é antigo, mas digamos que o casal resolveu “dar um tempo”. Normalmente, isso significa que o relacionamento acabou ali, mas, felizmente, o “tempo” finalmente acabou! Depois de passar em branco pelo Wii e DS, o sucesso Super Street Fighter IV ancora no 3DS como principal título de lançamento, apesar de ser um port. A franquia estreou no SNES com Street Fighter II, seguido pela série Street Fighter Alfa, mas depois abandonou os consoles Nintendo quase que por completo – exceto por uma ponta aqui e outra ali, como em Tatsunoko vs. Capcom (Wii), um excelente título. Com toda a grandiosidade das batalhas para consoles HD que nem o Wii suportou, o 3DS promete trazer a mesma experiência, só que na comodidade de um portátil, além de mostrar o potencial online do novo aparelho.
Um digno mais do mesmo
A fórmula você já conhece: escolha um dentre dezenas de lutadores de várias partes do mundo para se enfrentarem num clássico estilo de luta com progressão lateral. Desde a era 16-bits, a mecânica é a mesma, mas o sucesso de Super Street Fighter IV foi justamente trazer essa nostálgica engine com gráficos belíssimos e recursos atuais. 3D Edition traz as batalhas dos consoles HD à tela do portátil, mas com poucas perdas. A primeira delas é o tamanho das telas, mas, mesmo assim, elas conseguem trazer todas as animações de todos os 35 personagens das versões para consoles de mesa. Todas mesmo! Dublagens, antes eram raras no DS, mas há muitas delas em 3D Edition (as vozes e a interpretação são ótimas, mas as bocas dos personagens não estão sincronizadas com as falas). Quando você começa a jogar, se pergunta se aquilo é mesmo coisa de um portátil, na verdade, é bonito até para o padrão do Wii. Mas nem tudo é perfeito, a imperfeição de 3D Edition está nos cenários. Embora belíssimos, eles são estáticos, não se mexem, uma perda de qualidade em relação à versão original.
O Cricle Pad do 3DS mostra o quão é confortável e preciso para desferir as combinações e golpes especiais. Fora ele, todos os outros botões servem para atacar. A, B, X, Y, L e R desferem socos e chutes em três níveis de força: fraco, médio e forte. Esses golpes, combinados a movimentos no Circle Pad (como a clássica meia-lua) desferem golpes especiais. Como de praxe na franquia Street Fighter, cada personagem tem sua própria árvore de habilidades, não é como em Super Smash Bros. Brawl (Wii), em que a jogabilidade com todos os personagens é mais ou menos a mesma. Logo, é preciso se especializar e comprometer com os personagens que você usará nos confrontos
Como muitos compradores do 3DS são nintendistas, eles provavelmente não jogaram muito Street Fighter. Para cativar este público (que não é pequeno) a Capcom implementou um sistema de atalhos para golpes especiais disponíveis em quatro grandes botões na tela inferior. Basta um toque com o seu dedão (stylus pra que?) e Ryu lançará um Hadouken. Fácil, não? O modo tradicional também pode ser facilmente usado, inclusive é possível diferenciar os jogadores entre Pro (modo tradicional de luta) e Lite (com a ajuda de atalhos) para balancear as partidas online (falaremos delas mais tarde).
visualmente dinâmico
Não entendeu o trocadilho? Bem, se você ainda não pôs as mãos em 3D Edition, é bem possível que não. A versão para 3DS tem motivos para ter no título o nome “3D Edition”, e não é só por usar o efeito tridimensional, mas por incorporá-lo de uma maneira, no mínimo, interessante. Como muitos jogadores compraram a versão inicial do jogo para PS3/Xbox 360 (Street Fighter IV) e a segunda também (Super Street Fighter IV), a Capcom implementou uma nova maneira de jogar para justificar uma possível terceira compra. Trata-se da Dynamic View, um modo de se jogar na qual a câmera assume uma visão mais ou menos por trás do ombro do lutador.
Ousado, certo? Sim, muito ousado! Street Fighter sempre usou o estilo tradicional de visão bidimensional, logo, alterar para um tridimensional é uma grande revolução. No entanto, este estilo de jogo não altera a “jogabilidade”, mas apenas a “visão”. Basicamente, as lutas continuam no plano 2D, mas com gráficos tridimensionais e uma câmera por trás do personagem. E é realmente divertido? Para quem se acostumou com o estilo tradicional, admito que é um susto e tanto a mudança. Mas se você se esforçar um pouco para pegar o jeito, torna-se um belo atrativo, embora não o principal.
O efeito 3D da tela superior do 3DS dá um charme maior a 3D Edition. Você percebe que cada botão do menu está numa camada diferente, e o mesmo acontece para trazer os personagens para frente da tela (quase caindo para fora do aparelho) enquanto o cenário se estende até o infinito para os fundos. Além desse uso básico do 3D, há muitos efeito de luta que algumas vezes saem da tela, o que é bem gostoso de ser visto. Mas o foco do efeito é quando você joga em Dynamic View, no qual a distância entre os personagens torna-se bem nítida.
lutas em escala global
Para se manter leal às versões para consoles de mesa, 3D Edition conta com o esperado multiplayer online. Depois de um começo relativamente bom no DS/Wii, as partidas online prometeram se intensificar no 3DS. Com 3D Edition, podemos ver que realmente há um avanço. Apesar de usar Friend Codes e não permitir diálogo entre você e seus amigos, o sistema rastreia uma partida para você em questão de segundos e lhe insere nela rapidamente. É possível especificar com que tipo de jogador você quer lutar, como, por exemplo, o estilo de visão, a região, o rank, se luta no modo Lite ou Pro, etc. Quando a batalha começa, você nota uma pequena queda na quantidade de quadros por segundo e certo lag, mas nada fora do normal para qualquer partida online. Se há algo que define o sistema online de 3D Edition em relação ao de jogos do Wii e DS é a estabilidade.
Mas não é só de Wi-Fi que vivem as batalhas. É possível confrontar seus amigos por conexão local também, inclusive receber convites para luta (tanto online quanto locais) enquanto se joga o singleplayer. Assim como em games de DS, 3D Edition oferece a opção de se jogar por Download & Play, o que permite que seu amigo jogue (infelizmente, apenas com o lutador Ryu) sem precisar ter o cartucho do game. Também há a possibilidade de assistir à luta de seus amigos através de outro aparelho, uma solução para o problema do efeito 3D não funcionar caso você olhe por cima do ombro do seu amigo.
Além de tudo isso, temos a função Street Pass, que permite que você confronte os troféus de outras pessoas e consiga conteúdo extra apenas passando por perto delas com o 3DS fechado, não é preciso ter o cartucho de Street Fighter inserido no aparelho.
compra certa?
Convenhamos que a lista inicial de lançamento do 3DS não conta com os melhores jogos do aparelho – longe disso. Onde está Metal Gear Solid, Kingdom Hearts DDD ou Star Fox? Até que estas e outras maravilhas ancorem no aparelho 3D da Nintendo, temos Super Street Fighter IV 3D Edition para nos viciar por alguns dias. Digo isso por que é realmente viciante! Admito que estou por fora da franquia Street Fighter há muito tempo, mas 3D Edition me trouxe de volta aquele amor pela série. Os gráficos estão brilhantes e ficam ainda mais belos se você jogar sem o efeito 3D – embora o recurso dê mais vida ao jogo. A sonoplastia é ótima, com dublagens e efeitos sonoros de primeira. A jogabilidade conseguiu extrair bem os recursos do 3DS e a conectividade mostra que o aparelho tem futuro no ramo!
Se não consegue esperar para que Junho venha e traga o remake em três dimensões de Zelda: Ocarina of Time ou a invasão zumbi de Resident Evil: The Mercenaries, Super Street Fighter IV 3D Edition merece aquele digno espaço na prateleira! A capa em holograma 3D, por exemplo, é um digno item de colecionador, como você vê na primeira imagem da matéria .
Super Street Fighter IV: 3D Edition – 3DS – Luta
Gráficos: 9,5 | Sons: 8,5 | Jogabilidade: 8,5 | Diversão: 9,0
Nota final: 8,5
ÓTIMA análise, parabéns!! =]
muito boa análise mais não concordo quando fala que jogar sem o efeito 3d fica mais perfeito.....sem duvidas que foi o melhor 3d que já vi em jogos de 3ds e jogar com o efeito é muito mais legal e o gráfico fica perfeito deixando por algumas horas os dos consoles de mesa no chinelo mesmo sem o movimento de fundo